A história do Miojo – Uma Lição de Empreendedorismo

Em 1958 foi inventado um novo alimento que ajudaria a combater a fome que assolava o Japão.

O seu Criador planejava criar algo de sabor agradável não perecível, de fácil preparo, mas que ao mesmo tempo fosse barato e assim nasceu o pacote de macarrão instantâneo.

Milhões de pessoas comem macarrão instantâneo todos os dias movimentando uma indústria multibilionária criada por um empresário de 48 anos que pouco sabia sobre como fazer macarrão.

Quando nasceu em 1910 ,perdeu os pais na infância e foi criado pelos avós que tinham uma loja de tecido para kimonos onde ele teve o primeiro contato com vendas,tinha o espírito empreendedor que sempre buscava fazer algo novo que ninguém mais estivesse fazendo.

Iniciou seus negócios no ramo Têxtil montando uma loja para venda de artigos de malha aos 22 anos obtendo grande sucesso.

Chegou a envolver-se em vários outros empreendimentos comerciais incluindo a fabricação de carvão, fabricação de barracas, produção de sal e até mesmo a fundação de uma escola. Momofuku Ando sempre estava atento às tendências do mercado e tinha muito talento para o comércio, observando a realidade ao seu redor.

E se engajando nos seus vários negócios com a firme convicção de que deveria buscar um trabalho que mudaria a  vida das pessoas.

Mas para entendermos como essa iguaria universitário juvenil foi parar nas prateleiras de praticamente todos os mercados da atualidade cruzando diversas gerações, temos que voltar ao Japão dos anos 40 no período pós-segunda guerra mundial no qual o povo japonês enfrentou uma fome generalizada e teve sua pior safra.

Em décadas em decorrência das sequelas desse longo período de destruição e carnificina.

Os Estados Unidos estabeleceram ocupação no Japão pós-guerra alegando manutenção da paz, implementação da democracia e nesse contexto criaram rígidas leis contra a venda de alimentos ao ar livre para que não houvesse obstáculos ao sistema de distribuição de alimentos do governo.

Aquela velha história de quebrar suas pernas e te dá uma muleta para dizer que é seu salvador, mas como sempre se repete em toda a história a proibição de trocas voluntárias não extinguindo a demanda, sempre gerando um mercado negro, e dessa vez não foi diferente surgiram centenas de vendedores clandestinos de comida estima-se que a classe operária conseguia mais da metade de seus legumes no mercado negro.

Na época graças a essa proibição e a perda dos campos de plantações das colônias japonesas libertas o país dependia muito do trigo fornecido dos Estados Unidos durante sua ocupação as ruas estavam cheias de pessoas famintas e o  inúmeras sucumbiam morrendo de desnutrição.

Ando ao testemunhar toda aquela desgraça tornou-se agudamente consciente da importância do alimento na sociedade.

Certo dia ao passar por uma área do mercado negro perto da estação de Osaka deparou-se com uma longa fila no frio em uma  barraca clandestina improvisada cada um no aguardo de uma tigela de  Ramem.

Ramen e Gyoza ambos feitos com farinha de trigo excendente, eram considerados alimento de muitas sustância, pois eram ricos em calorias e possuíam alta capacidade de saciar o estômago.

A visão lembrou Ando de que como japoneses gostavam de macarrão e ao mesmo tempo percebeu que aquilo era um sinal de uma enorme demanda.

Naquela época o governo do Japão recomendava que as pessoas consumissem refeições preparadas com o trigo americano excedente.

No entanto essas refeições consistiam quase inteiramente de pão ou biscoito.

Ando se sentia incomodado com o fato da farinha não está mais sendo usada para produzir macarrão que era muito mais comum e típico de sua cultura.

Para ele aquela mudança na dieta representava uma violação de suas tradições e a  herança cultural, então vislumbrou que a solução seria tornar o hummer mais acessível e fácil de preparar, o que poderia resolver o problema da fome no Japão e talvez encher seus bolsos de dinheiro.

Em 1957 uma Cooperativa de Crédito onde Ando  atuava como diretor faliu, e o fez quebrar e perder todas as suas propriedades exceto uma casa em Osaka.

Porém para ele todo que havia perdido eram apenas propriedades, ainda mantinha toda a sua bagagem de vida.  Sabendo que a experiência do fracasso apenas o havia fortalecido.

Então relembrando a visão das filas das barracas clandestinas do mercado negro, e o fato do macarrão ser muito comum entre o povo japonês resolveu criar uma versão que pudesse ser rapidamente preparada e comida em casa apenas com água quente.

Em um pequeno barraco que construiu no quintal de sua casa começou a pesquisar e fazer seus experimentos, conduzindo o desenvolvimento ininterrupto durante um ano inteiro sem tirar um  único dia de descanso.

Ando estabeleceu cinco objetivos em sua pesquisa, obter um sabor agradável ,a atingir o resultado não perecível para que pudesse ser armazenado nas cozinhas domésticas, também deveria ser rápido e fácil de preparar, barato, além de seguro e higiênico.

E e por ser um completo amador no preparo de macarrão  passava dia após dia preparando e descartando incontáveis amostras para testes ,por fim chegou a fórmula ideal por meio da tentativa e erro.

Apesar de conseguir atingir boa textura e sabor no preparo ,seu principal obstáculo era tornar o macarrão pronto em não perecível.

Mas Ando teve um insights ao observar sua esposa fritando tempurá,ele percebeu que as bolhas no óleo quente nada mais era do que a unidade sendo liberada pela cobertura de farinha em forma de vapor ali encontrou a resposta!

A umidade do macarrão poderia ser extraída pelo óleo em alta temperatura.

E assim nasceu o macarrão instantâneo que após ser desidratado por fritura poderia ser reidratado com a água quente que absorvida por minúsculas cavidades formadas pela saída das bolhas de vapor no óleo devolvendo-lhe a maciez original.

E em vinte e cinco de agosto de 1958 foi lançado o Chicken Ramen o primeiro macarrão instantâneo do mundo um alimento pronto para comer em apenas dois ou três minutos após adição de água quente, era algo revolucionário para a época sendo apelidado de Ramém Mágico.